AS PALAVRAS E A GERAÇÃO DO KARMA
Depois
dos erros das ações, na lista das coisas que provocam a geração
de karma, temos que analisar os erros das palavras. Muitos elos
kármicos são produzidos apenas pelo que se fala. Dizemos “apenas”
porque bastaria calar a boca para não dizer algo que fere, engana,
prejudica, ilude e produz tantos outros males causados pelas
palavras. Mas é mais difícil às vezes evitar uma má palavra
do que uma má ação, justamente porque é tão fácil e espontâneo
o ato de falar.
As quatro etapas que foram comentadas no texto anterior, que
fala dos atos e suas quatro fases, também valem para as palavras.
A primeira fase é a intenção de dizer algo. A segunda fase é
efetivamente dizer. A terceira fase é o resultado do que se
disse. A quarta etapa é se regozijar pela palavra dita. Portanto,
o que dizemos de bom e de negativo pode ter maior ou menor peso,
de acordo com a quantidade de fases que apresenta.
Um exemplo bem comum: uma colega de trabalho conta a você que
tem atração pelo namorado de uma terceira colega e pede segredo.
Você tem a intenção de contar o que lhe foi revelado, vai até
a moça e conta, vê a briga que acontece entre as duas e fica
satisfeito. Nesse caso, as quatro fases estão presentes.
Se você ouvisse o que a colega falou e não contasse, como ela
pediu, não haveria geração de karma. Se ouvisse, pensasse em
contar mas não o fizesse, a geração de karma seria menor do
que se contasse. Se planejasse falar, contasse, mas nada resultasse
de mal, seria um pouco maior a geração de karma, mas ainda não
é o máximo possível de maldade. Agora, se todas as fases acontecessem,
você pensasse em contar, contasse, resultasse em briga e isso
lhe agradasse, então o mal gerado seria proporcionalmente maior.
Diante disso, sempre é necessário termos cuidado com as palavras,
principalmente aquelas que são ditas no impulso das emoções
negativas, com intenção de ludibriar ou seduzir, para gerar
intrigas, promover a separação e o conflito, para corromper,
para expressar preconceito. Essas são extremamente danosas.
É claro que muitas más palavras são ditas também sem más intenções
e por serem mal interpretadas, geram efeitos negativos. Nesse
caso, eu ousaria dizer que muitos ouvintes, por se recusarem
a entender ou por terem uma predisposição para sempre ouvirem
de uma certa maneira, que sempre procura intenções ocultas nos
que os outros dizem, acabam por gerar, através do ato de ouvir,
eles mesmo, o elo kármico. Seria o caso de um ouvido negativo
e não de uma língua negativa. Você conhece pessoas assim, que
buscam em tudo que alguém fala motivo para briga ou inventam
razões para se sentirem lesadas, com quem tudo que seja dito
vira uma complicação.
Então, agora que se refletiu sobre aquilo que todos já sabem,
mesmo que ainda não se tenha dado até o dia de hoje a devida
importância, vou lhe sugerir um exercício com palavras. É um
exercício que faz limpeza de karma gerado pela emissão de más
palavras. Eu mesma já fiz esse exercício e embora seja muito
simples, aliviou muito uma fase de vivência kármica, na qual
havia força de más palavras e que estava sendo para mim muito
dolorosa.
Em primeiro lugar, não é um exercício de um determinado assunto,
isto é, não é um exercício para se fazer só quando algo está
incomodando. Você pode fazê-lo a qualquer momento. Desde já.
É um exercício de disciplina, daqueles que exige de você atenção
permanente para não sair da diretriz sugerida.
O exercício consiste em passar uma semana sem dizer palavras
que representem uma reclamação. Parece fácil e simples demais,
não é? Você vai ver que não é fácil e vai ver quanta coisa está
escondida atrás das palavras de reclamação que dizemos. Elas
ativam karma latente e também geram karma.
Você verá também que embora diga que não tem o hábito de reclamar,
faz isso algumas vezes por dia. O exercício serve para qualquer
pessoa, mesmo para quem diz que nunca faz reclamações, portanto.
Quando reclamamos, entramos num estado mental muito negativo,
que atrai de volta para nós mais motivos para reclamar. Quem
reclama pouco, sente uma grande diminuição da quantidade de
motivos que tem para reclamar. Causa e efeito, essa é a explicação.
É só experimentando para ver o resultado.
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